Você já imaginou algo com uma área de superfície infinita envolvendo um volume finito? Pois é, a figura acima é chamada de Trombeta de Gabriel, ou Trombeta de Torricelli, e possui essa característica. Ela é a superfície de revolução da função , em torno do eixo x com . A explicação para esse aparente paradoxo vem do cálculo de área e volume de superfícies de revolução.
Calculando o Volume
Você deve saber que o volume de um cilindro é dado pela fórmula
,
onde representa a área da sessão transversal e l, o seu comprimento. Observe que para um "cilindro" cujo raio seja uma função de x, o volume de uma sessão transversal de comprimento infinitesimal pode ser escrita como
.
Assim, se quisermos obter o volume desta superfície num intervalo , basta aplicarmos a integral definida
;
logo
.
Como nesse caso , teremos então, no intervalo definido, o volume da Trombeta dado pela integral imprópria:
Calculando a Área
Pode ser mostrado que a área de uma superfície de revolução é dada pela fórmula
.
Aplicando a função de interesse temos:
.
Resolvendo a integral teremos:
Sendo assim, se considerarmos que o volume seja dado em litros, vemos que a Trombeta de Gabriel poderia comportar pouco mais de 3 litros de tinta. No entanto, se alguém quisesse pintá-la, nem toda tinta do Universo seria suficiente.
O oposto é impossível
Pode ser provado que é impossível existir uma superfície de área finita e volume infinito.
O volume é pi. A área é infinita. Mas pi é matematicamente infinito. Vamos supor uma tinta formada por "partículas". Essa tinta preencheria a trombeta até que a sua última "partícula" chegasse até a última "partícula" da trombeta. Quer dizer. a nível quântico, nunca.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário!
ExcluirNa verdade o fato de pi ser um número irracional não significa que seja infinito. No exemplo em questão, se supormos que as partículas tem um volume infinitesimal, mesmo que o volume fosse inteiro (ex.: 1 litro), poderia se considerar que o número de partículas ali dentro tenderia ao infinito.
Mas na verdade, como na natureza as partículas possuem um volume mínimo, chegaria a hora que a última partícula "transbordaria" o volume da trombeta, ainda que houvesse ainda espaços vazios entre as partículas ali dentro.
Mas só enfatizando, a trombeta é só um objeto abstrato. Na natureza não existe um material com ductilidade suficiente para construir algo assim.